Voar Alto!

Voar alto, enquanto os olhos,
observam ao longe, a torcer ou não,
por quem decide afrontar a dor!
Arremeter de uma queda que,
tão indubitável para alguns,
com certeza, inconcussa pra outro!
Voar alto, acordar do livre sonho,
de tamanha queda sentida ao corpo!
E reerguer-se a ponto de, ao surpreendias, 
falácias sucumbirem ao ato! 
Mostras incontestes de pujança, pois,
se escolho por voar, não me contento, voo alto...

As Quatro Estações!

Cada estação tem seu retrato,
seus temores, cores, sonhos e datas!
Cada estação possui suas luas,
e cada qual, com seus olhares longínquos!
Cada estação, muda-se por inteira,
frio, sol, flores e folhas ao chão!
Quatro estações, e cada uma,
com seus perfumes, belezas e afins!
As quatro estações instigam,
poetas amantes, em seus versos líricos!
E ao passar,  de cada estação,
deixa pra trás um pouco de nós,
com saudades ingentes, e sonhos em pós! 

Se Conhecer!

Por querer, viu-se frente a frente consigo,
num instante que nem ao menos se olhava!
Correu por diversos caminhos estreitos, 
inconstantes, sombrios, livres, românticos...
Sem saber que a quem procurava, 
estava mais junto a si, que de alguém!
Tendo, por fim, se conhecido então!

Meu, Ser Eu, Por Um Nada!

Se meus olhos vislumbrarem a luz,
será injusto amargar o breu!
E ao chorar, inunda minh'alma, 
com o gosto salgado da frieza,
em troca do teu doce sabor!
Sentimentos vis, cruéis, levianos,
de um coração em dor, por um nada!
Ao correr, distancio-me da angustia,
na busca incessante de um chegar!
O lugar, desconheço por desejo,
mas se, ao despertar o teu querer,
sabes onde, e se ainda, me encontrar! 

Essa Mal/Bendita Dor!

Ah essa mal/bendita dor, 
que me molda a frio,
tempera o aço do meu eu,
vivifica estruturas do meu ser!
Enfrentar, essa mal/bendita dor,
me faz mais forte ao mitigar essa!
Aceitar, essa mal/bendita dor,
torna mais ágil o entendê-la,
ao mostrar que isso tudo é processo,
e de um tudo, é caminho de volta!
Pra onde, não sei...
Quem sabe, eu voltar pra mim!

Sentir-se Um Estranho!

Como somos, ou são, as coisas!
Sentir-se um estranho,
em lugar onde dantes íntimo,
de um olhar longínquo,
dum conhecer talvez!
Sentir-se um estranho,
com um sorrir fugaz,
na efêmera sensação de bem, ou ...
Enfim, sentir-se um estranho,
ao notar que a estranha intuição,
é a irresignação do não querer sentir!
Mas, ao manter-se assim, 
com estranhas frases silentes, 
é dar as costas e sair!

O Musicar Poesias!

Juntar poesias em estrofes,

musicando versos cálidos!

O aproximar palavras soltas,

jogadas ao léu, aleatórias! 

Unindo-as em sons harmônicos, 

de sentimentos difusos,

sejam tais, de bem ou dor! 

Acomodar tais emoções, apegos,

em frases, pautas, acordes, melodias.. 

Te Procuro Sempre!

Te procuro antes que fujas! 

Na iminência de esconder-te,

por entre árvores, montes e horizonte!

Deixar seu reflexo na água,

a fim de vaticinar a vinda da lua,

perpassando tal reflexo, 

esse sobe ao céu! 

Assim, te procuro sempre,

Te procuro antes que fujas! 

O Que Fazer Então!

O que fazer? 
Quando a ordem natural,
confunde-se e perde-se na frieza da razão!
Quando os olhos ousam falar,
o que os lábios teimam em conceder!
Quando a voz, ao sair não alcança,
o sentido de outrem que ela procura!
O que fazer então?
Quando o coração, ao tentar conter a sanha,
busca insano, o voltar bater amoriscado,
justo por cansado, que a tempos, só apanha!

Vejo Escorrer por Entre os Dedos!

Vejo escorrer por entre os dedos!
Algo que parecia sólido, eterno,
ao ponto de segurá-lo e acariciá-lo
por mãos de um sentimento afim!
Sinto-me estático, incrédulo, 
como se inebriado estivesse, 
pelo cheiro ácido da dor,
e pelo amargo gosto do não ter!
Vejo escorrer por entre os dedos,
e perder-se ao chão, ao vento,
escoando-se por meios-fios,
e fugando através do tempo! 

Mãos Sós e Lábios Vãos!

Na espera cálida de um simples oi!

Sinais secretos de um amor dormente!

Na intenção falha, do tentar olhar,

mesmo que ao longe, o só ver intente!

Contar as noites de lágrimas trancadas,

ao tentar paliar o que se tem ao coração,
justo eu, que ao escrevê-lo, imagino-te! 

Cobrar de si os "por quês" de tantos "senãos",

"entãos", "nãos"...

Ao notar que as mãos, teimam em andar sós,
e revelar que os lábios, seguem "vãos"!